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Disney Raiz

  • Foto do escritor: Mauricio Guilherme Jr.
    Mauricio Guilherme Jr.
  • 15 de dez. de 2023
  • 4 min de leitura

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   Meus amigos me chamam de “Disney Raiz”. Título que filosoficamente herdei do meu pai, podemos dizer. Ele quem me apresentou aos clássicos do estúdio, quando me levou pra ver Branca de Neve num antigo cinema da Avenida São João, na década de 60. Depois vieram Peter Pan, Pinóquio e por aí afora. Me lembro de ter achado as cores de A Bela Adormecida impressionantes, quando criança. E ainda acho. Pode-se dizer que é o desenho de longa metragem que eu mais gosto. Direção de arte, trilha sonora, tudo… Perfeito!  

A Pequena Sereia (1989) deu início ao que chamaram de Renascimento dos Estúdios de Animação. Desta safra vieram A Bela e a Fera, Aladdin, Rei Leão… Não estão dentre os meus favoritos, mas foi um impulso criativo muito bem-vindo e que os Estúdios de Animação estavam precisando. Desta leva também veio O Corcunda de Notre Dame, que eu só assisti muitos anos depois do lançamento e que é muito bom!  

Meus prediletos estão em todos os longa metragens que o estúdio produziu até o final da década de 60. Mas mesmo os dos “Anos Órfãos”, como também são chamados os desenhos feitos na década de 70, pós morte de Walt Disney (em 1966) possuem traços interessantes e alguns até obtiveram bons resultados nas bilheterias. Me refiro a Aristogatas e Bernardo e Bianca, mais especificamente. E respeito as chamadas produções menores do estúdio, considerando que se pode até cometer erros dentro de um estilo e com parâmetros já sedimentados na sua própria História. Os parques temáticos da companhia são decorrência do que acontece nos estúdios e nenhuma destas produções chegou a deformar o que já existia.


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Para mim, a Disney começou a perder a sua cara quando comprou a Pixar. Pode ter sido uma grande tacada, comercialmente falando, comprar uma concorrente forte que já a ameaçava, mas foi um atestado público de falta de confiança nos seus próprios artistas, recursos e legado. Embolaram tudo de um jeito que os personagens da Pixar viraram Disney, sem ter nada em comum com a sua antiga História. Na técnica, nos temas, na abordagem, nos roteiros… Toy Story, Nemo, Carros, Monstros… tudo na mesma panela de Pinóquio, Peter Pan, das princesas, do Mickey e da sua velha turma. E o pior: a Disney começou a querer produzir desenhos imitando o estilo da Pixar. Um imbróglio! Daí a Pixar invadiu os parques. E setores inteiros foram criados ou renomeados para acomodar a muito rentável “filha bastarda” da companhia.  

E as outras marcas que a Disney foi comprando ao longo do tempo (tipo os Marvels da vida) mais a política de “agenda correta” da administração vigente foram acabando com o espírito mágico que fluía naturalmente neles e chegava até nós, sem maiores esforços, apenas por serem a continuação de um antigo espírito já assimilado pelos nossos sentidos. A antiga marca Disney trazia esta garantia.


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  Penso ter chegado a uma conclusão particular sobre a maior diferença entre a “velha e a nova Disney”. Basicamente, a primeira lidava com arte, entretenimento e cultivo de emoções variadas (do riso às lágrimas). A segunda vem de um jeito cerebral defender pontos de vista, estereótipos da atualidade e ideologias “corretas”. E levanta suas produções atuais ao redor disso. O preceito do próprio Disney de “entreter, esperando que também possa educar” foi virado do avesso. A mentalidade atual do estúdio é te vender uma mensagem clara e inconteste e, se der, fazer você se divertir também. A Arte vai pro banco de trás e o Compromisso assume o volante. Daí o festival de Live-actions horrorosos, desenhos sem alma e filmes “eu sou rebelde com causa” para “humanizar” vilões do passado. Vilões que, classicamente nas histórias infantis, tem a função de arquétipos comportamentais. A velha Disney falava ao seu coração. A nova tenta adestrar o seu intelecto. A Disney que eu conheci, nas telas e nos parques, perdeu muito da sua identidade original. Não por uma suposta evolução criativa que os tempos naturalmente trazem, mas por uma estratégia moderna de querer abraçar o mundo todo com apenas dois braços. Nem que para isso tenha que jogar fora a fidelidade do encantamento que ela mesma causava em milhões de pessoas ao longo da História, em vantagem de um suposto “pensamento contemporâneo” carregado na atualidade por um grupo estridente e discursivo, que tenho sérias dúvidas de que sejam consumidores reais da sua marca.

Acredito que tudo só se iguala e se conquista no afeto. E isso, essa emoção tão mágica e verdadeira, é o que a simples menção do nome Disney fazia brotar nas nossas almas.   A harmonia sonhada pelo velho Walt ao imaginar o primeiro parque temático do mundo (a Disneyland, em 1955), fugindo da miscelânea confusa de informações dos parques já existentes, criando terras e setores com personalidades próprias vem se derretendo a cada novo passo da empresa neste caminho.  

Esta semana vi um novo show de fogos na Shanghai Disneyland onde os velhos e clássicos personagens, mais o acréscimo da Pixar, aparecem ao lado de meia dúzia de heróis Marvel! Os atuais blogueiros e experts em Disney amaram. Parafraseando Marlon Brando em Apocalipse Now… “O horror, o horror, o horror!”


 
 
 

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